Conheça a história da Maria Emília que aos 16 anos e há 7 convivendo com o diabetes tem muito a nos ensinar!

Maria Diario de uma dm

Maria Emília, uma jovem alegre e cheia de atitude, atual dona do blog Diário de uma Diabética, foi diagnosticada aos 9 anos de idade e hoje aos 16 nos ensina sobre aceitação, a importância de buscarmos o time de saúde certo para as nossas necessidades e como todo esse apoio pode nos possibilitar sim uma vida mais doce e feliz.

Maria conta que antes de ter sido diagnosticada, fez um exame de rotina para acompanhar o seu crescimento, e entre os exames realizados, ela fez o de hemoglobina que na ocasião apareceu alterado, mas a médica não a diagnosticou com diabetes.

Um tempo depois, durante uma viagem, ela pegou uma virose muito forte o que a deixou de cama, e nesse momento, o diabetes começou a se manifestar mais fortemente, com os clássicos sintomas como: muita sede, frequentes idas ao banheiro e muita fome associada a perda de peso, o que a fez voltar à médica, que pediu para que eles refizessem os exames. Ao receber os resultados, a glicada estava em mais de 12%, o que confirmou o diagnóstico de diabetes tipo 1.

Nesse momento todos se sentiram perdidos e desamparados, e a postura da médica que os atendeu só piorou as coisas, pois além de dar o diagnóstico de forma ríspida, ela também impôs várias restrições, principalmente cortando totalmente o açúcar da sua vida, o que fez que ela comesse por muitas vezes escondido.

Maria conta que nessa fase ela tinha muita vergonha de falar para as pessoas que tinha diabetes, o que ela considera ter contribuído para um mau controle do diabetes. Ela diz que queria muito se tratar mas não conseguia, e apesar de fazer terapia, ela continuava nesse ciclo com muitas dificuldades emocionais e no tratamento.

Quando perguntamos a Maria sobre o que era o grande obstáculo para essa mudança tão desejada, ela diz que faltaram os profissionais certos, que tivessem empatia por ela e conseguissem mostrar que apesar de ser difícil a mudança, ela era possível e que ela não estava sozinha.

Em sua busca, Maria conheceu vários especialistas, mas até chegar ao médico que está hoje, o qual ela considera um anjo em sua vida, ela passou por situações que ela diz terem prejudicado muito o tratamento já que muitas vezes, quando ia buscar ajuda médica porque não estava conseguindo melhorar, ela sentia que existia um certo julgamento por parte da profissional, e dava a entender que as coisas não estavam indo bem por culpa dela. Ela diz “Tudo era culpa minha, e eu não conseguia me tratar por raiva dela, por raiva de mim mesma, por me sentir incapaz, o que não é verdade pois hoje sei que muitos fatores influenciam a glicemia como por exemplo o ciclo menstrual, uma doença, e por isso sei que preciso cuidar ainda mais do meu emocional e da saúde de forma geral”

Foi aí, com todo esse mau estar, que ela percebeu que havia algo de errado e falou com sua mãe que precisava mudar de médico. A mãe aceitou seu pedido e foi aí que ela conheceu seu médico atual, Dr. Rui Lira, que como ela diz, olhou para ela nos olhos e disse que o controle dela estava ruim, que a glicada estava muito alta, mas que eles iam melhorar, disse que seria difícil e seria um tratamento de formiguinha mas que ela não estava sozinha e que tudo daria certo.

Maria diz que nunca tinha ouvido algo assim antes de um médico, um simples “vai dar tudo certo” e foi essa atitude que de fato fez com que ela voltasse a acreditar no tratamento e em si mesma.

Nesse período de mudanças, Maria procurou também outra psicóloga, com quem está há um ano, e que também a ajudou muito a restabelecer o seu psicológico e a cuidar do emocional, o que ela afirma ter contribuiu muito para sua melhora geral.

A partir daí surgiu o blog, pois bateu a vontade de compartilhar sua experiência com mais pessoas, principalmente para incentivá-las a buscarem os profissionais certos, a se aceitarem mais, e a se motivarem com a possibilidade de uma vida melhor com o diabetes.

Maria finaliza dizendo: “Hoje eu me conheço, e sei quando a glicemia está descompensada por responsabilidade minha, por conta de hormônios, ou de doenças e isso tem sido muito bom”, e sobre a vergonha de ter diabetes “eu sempre tive muita vergonha sim, mas depois de encontrar esse time de saúde que tanto me apoia, eu aprendi a me aceitar, e pelo contrário, ao invés de ter vergonha, aprendi a disseminar informação de qualidade sobre a condição; uso a bomba e o sensor e por onde vou as pessoas param e me perguntam se eu tenho diabetes, e eu falo sobre o blog e explico com o maior carinho pois eu acredito que é isso que as pessoas estão precisando: informação”

“Hoje em dia estou completamente transformada, sou outra pessoa. Leio muito sobre diabetes, conheço pessoas que também tem e me entendem, e além de ajudar com o blog também sou muito ajudada, pois quando tenho recaídas, eu entro lá e leio as mensagens que as pessoas me mandam e isso me faz muito bem”

Maria é a autora do blog Diário de uma diabética e você pode encontrá-la também no Facebook e no instagram: @diariodeumadiabetica_

 

 

 

 

Conheça a história de aceitação da Carol “O problema da dor é que ela precisa ser sentida”

Carol_gravida

Oi! Eu sou a Caroline, tenho 25 anos, uma filha de 2 anos e provavelmente a minha história seja muito parecida com a sua. Mãe, esposa, professora e médica nas horas vagas (ou não). É, eu tenho diabetes, o que praticamente me garante um diploma em medicina não é?! Esse é o resumo da minha história.

D-I-A-B-E-T-E-S , você tem diabetes. Essa frase ecoou pelas paredes do consultório médico e minha unica reação foi fuga. Sim, em uma tentativa fula de fugir do diagnóstico, acabei por me ver saindo correndo pelos corredores da clinica, embalada na trilha sonora semelhante ao filme ” O grito “. No auge dos 11 anos, uma típica pré adolescente, tomada por mudanças, medos, angustias, hormônios. Somado a isso, o diagnóstico. Minha reação imediata foi gritar, chorar, espernear, como uma criança que pede pra mãe para não ir a escola e ouve um não, hoje você vai. Só que dessa vez, não seria apenas hoje. A escola da diabetes seria em período integral, sem recreio, férias ou hora da saída.

Assim, passada a euforia, me vendo frente a frente com uma realidade nova e não escolhida, decidi encarar. Não me lembro de chorar na primeira vez que tomei insulina, nem nas seguintes. Não me recordo de reclamar das pontas dos dedos furados, mas me lembro muito bem de destilar informações aos meus amigos sobre tudo que rodeava minha nova vida. Me apegando ao que sinto ser meu papel aqui na Terra, participei de encontros com outros jovens e até “palestrei” sobre Superação, garra e resiliência. Sim, eu era uma criança. Sempre falei pras outras crianças que apresentavam comportamento de revolta no projeto, que se iriamos conviver com isso pra sempre – pelo menos até então – que fosse de uma maneira amigável, lado a lado e não batendo de frente.

Isso perdurou por uns bons anos. Como no piloto automático, eu seguia repetindo como encarava tudo numa boa, como estava acostumada e que estava tudo ok. Até não estar. Ou melhor, até eu perceber que nunca esteve, até agora. 14 anos depois, aquela menina que fugiu, se viu encurralada de novo. Mas dessa vez ela decidiu não fugir. Me despi de rótulos e me vi pela primeira vez. Com medo, sim. Com dores, sim. Um processo nada fácil, mas aos poucos fui escancarando as feridas. Sabe aquela história de que alguns machucados não podemos cobrir, porque ” deixar coberto” piora a cicatrização? ta aí, é isso. Passei anos cobrindo, colando band-aids. A ferida? continuou la. Nunca deixei ela livre pra curar.

E então ela piorou, começou a afetar outras partes do corpo e aí fui obrigada a ver. Nunca achei que meus comportamentos refletiam uma não aceitação da doença. Logo eu, que tanto “preguei” sobre isso. Agora, me desnudando por outra vez, conto pra vocês o processo, na intenção de agregar a quem passou/passa/nem imagina que está passando por algo assim.

Passei alguns anos com comportamentos bem destrutivos ligados ao diabetes. Sempre mantive um controle adequado, mas conforme a vida foi acontecendo, problemas surgindo pra serem enfrentados, eu literalmente “descambei”. Se tinha hiperglicemia, comia mais. Comia justamente o que sabia que faria mal. Por muito tempo, pensei ser um descontrole alimentar, mas não. Era uma guerra travada ali. Eu versus Diabetes versus Eu.

Quem pode sair vencedor de uma guerra com algo tão intrínseco a si mesmo? Ambos saímos perdedores por um bom tempo.  Meu pensamento era:  Faço tudo que tem que ser feito e ainda passo mal? Não é justo. Então agora vai ser da minha maneira. E da-lhe auto destruição de novo. e de novo. e de novo. Até surgir um novo vicio. Comecei a controlar doses de insulina, como quem decidi na roleta russa seu futuro. Dica: Não façam isso em casa. Assunto sério e real.

Por anos eu contava nos dedos quantas unidades tomava, evitava tomar, mesmo quando tivesse real necessidade, até que me vi algumas vezes em um hospital com crises de hiperglicemias que nunca haviam acontecido antes, nesses anos todos. Minha alegria era ver que o tubo da insulina tinha durado mais essa semana do que na semana passada e assim, me sentia no controle. Doce ilusão. Fui perdendo o controle de algo mais importante ainda do que minhas glicemias. Eu mesma. Me apagando e esquecendo, em prol de algo que nem sabia mais o que era.

Depois de muito tempo presa nesse comportamento, por outras questões, decidi buscar ajuda. Um mundo se abriu a partir dali. Foi aí que percebi que nunca aceitei realmente o que me foi dado. Em uma primeira consulta já falei : “Ahh, mas sabe o que me deixa triste? saber que eu nunca vou poder chutar o balde e me afogar num pote de sorvete,  Você não ia se irritar com isso também?” e aí, me ouvindo, chorei. Ninguém precisou falar. Eu falando toda a minha revolta em voz alta pela primeira vez, foi como se a porta de todas essas dores estivesse aberta. Eu vi. A venda estava caindo.

E agora? O que fazer com isso? A questão é que todo esse processo refletiu uma insegurança e assim, trabalhando questões como a auto estima, a compaixão comigo mesma, esses comportamentos foram diminuindo de frequência/intensidade. E sigo assim, sem pressa nesse processo que chama VIDA. Guardar toda a fúria dentro de mim, quando era NORMAL expressa-la – no momento pós diagnostico – fez ela crescer. “O problema da dor, é que ela precisa ser sentida”.

Não adianta. Respeite seu processo, sua caminhada, seja ela qual for.  A aceitação é uma luta diária, não entregue a batalha, mas não minimize suas dores. Sinta. Viva suas dores e alegrias, na intensidade que elas demandam. Você é suficiente e maior que tudo isso!

Texto de Caroline Cardoso

Siga a Carol no Instagram: @docecarola_

 

Diabetes e Saúde mental, qual a relação e como cuidar?

Diabetes e depressão

A relação entre o diabetes e a saúde mental é algo pouco falado e reconhecido, porém, bastante presente na vida de muitas pessoas que convivem com essa condição

Diabetes, Depressão e Ansiedade

Muitos estudos divulgados por instituições renomadas de saúde e pesquisa, como a ADA (Associação Americana de Diabetes) e a SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) demonstram que a depressão e distúrbios de ansiedade ocorrem duas vezes mais em portadores de diabetes (tanto DM1 quanto DM2) do que na população em geral, com prevalência maior em mulheres.

Alguns dos motivos para tal prevalência são: os efeitos fisiológicos de oscilação do açúcar no sangue que podem contribuir para a instalação de condições depressivas, fatores genéticos e os efeitos psicológicos de ter que cuidar de uma condição 24 horas por dia e sete dias por semana.

Círculo vicioso

A depressão e os transtornos de ansiedade tem impacto nocivo sobre o controle glicêmico e, por sua vez, o diabetes mal controlado intensifica os sintomas depressivos e de ansiedade. Ou seja, a pessoa entra num círculo vicioso, difícil de sair sem tratamento médico e psicológico.

Transtornos alimentares

Outra questão bastante importante é que uma vez a depressão instalada, ela abre a porta para outras condições como os transtornos alimentares, que acometem em média duas a três vezes mais pessoas com diabetes do que a população em geral, em especial jovens mulheres com Diabetes Tipo 1.

Eating Recovery Center, centro referência no tratamento de transtornos alimentares dos EUA, explica a relação “Um foco necessário na alimentação e restrição dietética para o tratamento do diabetes tipo 1, como a contagem de carboidratos, o planejamento de refeições e a restrição alimentar, que embora sejam parte importante do gerenciamento do diabetes, por outro lado, podem criar um foco demasiado na comida, números e controle”.

Diabulimia                

Um dos transtornos alimentares mais comuns entre pacientes DM1 é a Diabulimia – mas não exclusivamente, pois pessoas com diabetes também estão sujeitas a outros transtornos como bulimia, anorexia e compulsão alimentar.

A Diabulimia, em especial, se caracteriza pela omissão da dose de Insulina com o objetivo de perder peso. Deve ser considerada também, como diminuição ou retardo da dose de Insulina com o objetivo de perder peso. Esta prática pode ser somada a comportamentos compensatórios purgativos como vômitos, uso de laxantes, diuréticos ou exercício físico de forma excessiva.

Os principais sinais de alerta são:

  • Não aderência ao tratamento prescrito para o diabetes
  • Controle metabólico instável evidenciado pelos níveis elevados e Hemoglobina Glicada (A1c)
  • Hiperglicemia (constante)
  • Evitar que os pais observem a autoaplicação de insulina
  • Ganho ou perda significativa de peso
  • Dietas frequentes e preocupação excessiva com o planejamento das refeições e composição dos alimentos
  • Visão negativa da imagem corporal / baixa autoestima
  • Sintomas depressivos, incluindo o humor triste, baixa de energia, falta de concentração, fadiga e sono interrompido. Embora a depressão e comportamento alimentar perturbado muitas vezes coexistem, diabetes mal controlado também pode contribuir diretamente para sintomas depressivos.

*Fonte: Site SBD, Sociedade Brasileira de Diabetes

Caso você suspeite que isso esteja acontecendo com você ou sua filha(o), busque apoio profissional de um psicólogo e/ou psiquiatra, seu médico e também de uma comunidade, pois ter ao seu lado outras pessoas com quem possa falar e trocar experiências sobre o que está passando é fundamental.

Prevenção

Além de tratar o problema, é importante primeiramente preveni-lo. Assim, sabendo da maior propensão que as pessoas com diabetes têm de desenvolver quadros de saúde mental, que por sinal, ninguém está livre. É importante que seu estilo de vida seja um fator preventivo no desenvolvimento dessas questões. Algumas dicas na prevenção:

– Mantenha um bom controle glicêmico, porém saiba que oscilações acontecerão – afinal você tem diabetes – e o mais importante é que essas oscilações sejam corrigidas com rapidez, e que haja um aprendizado a partir daquele evento. Evite cair no erro de buscar a perfeição no diabetes e na vida, pois esse é um dos comportamento que leva as pessoas a muitos problemas de saúde mental;

– Pratique atividade física de forma saudável e equilibrada, pois ela é uma grande aliada da sua saúde não só física, mas também mental. E lembre-se que os excessos nunca são proveitosos e mesmo em relação à algo positivo como a atividade física pode te levar a um desequilíbrio

– Pratique a autoaceitação e o amor próprio. Sim, pratique! Pois esses comportamentos não são necessariamente algo natural para nós, pois geralmente não somos ensinados a nos amar; pelo contrário, aprendemos a nos criticar e nos julgar, mas podemos modificar isso se desenvolvermos uma nova atitude consigo mesmos. Nessa prática, um ótimo exercício que aprendi com a escritora americana Louise Hay, é o seguinte: Olhe no espelho, olhe em seus olhos e diga para si mesmo que se ama. A princípio pode parecer algo tolo e até falso, mas com a prática seu inconsciente começará a aceitar esse comando e sua autoestima e amor próprio vão se fortalecer.

Como diz o  psiquiatra e psicoterapeuta Jung “Quando me aceito como sou, então posso mudar”

Ou seja, viva sua vida com diabetes, com equilíbrio, autocuidado e quando sentir que é momento de pedir ajuda busque o apoio que merece e precisa!