Família, superproteção ou distanciamento? Qual a medida “certa”?

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Esse tema levanta muitas hipóteses e dúvidas para a família a respeito de se estão fazendo o certo ou não, se estão agindo da maneira mais adequada ou não.

Afinal, quando somos diagnosticados com diabetes a família inteira é afetada com a condição e não recebemos um manual de instruções sobre como lidar com isso. E assim, a gente vai aprendendo com os erros e acertos; mas existem algumas perspectivas que podem ajudar e quero compartilhá-las com vocês. Perspectivas essas que adquiri não apenas através da minha experiência com o diabetes, mas também trabalhando com outras pessoas e famílias que tem a condição, estudando, participando de cursos, simpósios, congressos e uma infinidade de oportunidades de conhecimento e aprendizado que quero cada vez mais compartilhar por aqui!

Em relação ao nosso tema da família, quero dizer que o extremo é uma zona de perigo e como a gente já sabe, nada que é demais faz bem. Muitas vezes nós nos deparamos com famílias que são protetoras a um nível extremo (entendo a insegurança de que algo mais sério possa acontecer, e por isso muitas vezes os responsáveis acabam puxando toda a responsabilidade para si), mas quero mostrar o outro lado, pois esse comportamento de extremo cuidado pode acabar incapacitando a pessoa que tem a condição, ou seja, é como se ela “transferisse” suas responsabilidades, pois sempre tem alguém que faça por ela. Isso é muito ruim devido ao fato de acabar incapacitando a pessoa não só em relação ao diabetes mas também para a vida de forma geral.

Temos também o oposto, que é caso da família que é alheia, que não conhece ou conhece muito pouco sobre o diabetes, não participa nem busca informações para que possa entender melhor como ajudar o ente querido e acaba não apoiando no tratamento. Isso muitas vezes pode vir como uma defesa, ou seja, uma forma de negar o Diabetes da pessoa e não entrar em contato direto com a situação por ser algo doloroso muitas vezes, mas esse comportamento também ocasiona grandes problemas, já que a pessoa que tem a condição, apesar de deter a responsabilidade central em relação a situação, é muito importante que ela se sinta segura através do acolhimento da família, e que ela tenha dentro do seu âmbito familiar entendimento e educação.
Muitos estudos mostram que a família é fundamental para o sucesso do tratamento porém cada um precisa estar no seu lugar e abraçar seu papel, sem ir além nem aquém do que é preciso.
Por isso, o mais importante é o “caminho do meio”, o caminho do equilibro, que faz com que a pessoa que possui a condição acabe adquirindo uma autonomia maior ao longo do tempo, tendo como base o apoio familiar.
Para isso, é necessário estar sempre atento aos comportamentos como pegar coisas para fazer, que a pessoa que tem o diabetes já tem capacidade para fazer sozinha e também por outro lado, estar atento se a pessoa que possui a condição está tendo o apoio necessário dentro e fora de casa.

Ou seja, é importante refletir na hora de ajudar, e ao invés de fazer as coisas pela pessoa, ser um apoio, ou um facilitador do processo. Isso garante a autonomia e independência e ao mesmo tempo a confiança e sentimento de acolhimento que ela precisa para seguir adiante.

2 thoughts on “Família, superproteção ou distanciamento? Qual a medida “certa”?

  1. Sou mãe pâncreas. Tenho diabetes do tipo 03. Ninguém me ensinou como lidar com essa condição. Apenas a vida, sob a condução do Altissimo, me fez sensível às necessidades de minha filha. Ser uma mãe pâncreas é saber reconhecer na irritação o desejo de um colo. Também, como uma bolinha de cristal, entender que naquele enorme prato, desproporcional no tamanho, encontra-se importante hipoglicemia. Ser mãe pâncreas significa se adaptar, tornar-se conectada e mostrar-se aberta a um pedido de ajuda. Se o adolescente precisa de um tempo para conhecer seus limites, seu corpo, sua glicemia, como mãe pâncreas também contei com a sabedoria do tempo. E como vale a pena! Como vale a pena ter essa doçura ao meu lado.
    Eu só tenho a acreditar na força do amor, no seu poder curativo. Acreditar na criatividade que posso ter, na força que tem a mecha no cabelo sobre uma autoestima machucada. Confiar em Deus e a Ele entregar dia a dia a minha filha. Ser mãe pâncreas é se tornar forte por ela, também um pouco “demente”; mas, acima de tudo, confiante. Tenho em minha filha um exemplo de força, de sensibilidade, de raça. Orgulho, amor e fé. Apenas isso.
    Te amo, filha.

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