Oscilações glicêmicas e de humor – Qual a relação e como tratar

irritabilidade

As pessoas que convivem com o diabetes e aqueles que fazem parte de sua rede de apoio e de relacionamento sabem bem o quanto o gerenciamento da condição pode (literalmente e de forma figurada também) afetar os nervos da pessoa que tem a doença.

A relação entre o diabetes, oscilações glicêmicas e a carga relacionada ao dia a dia com a condição estão sendo cada vez mais comprovadas pela ciência e com isso estamos aprendendo a cada vez mais nos cuidarmos de forma integral; mas para quem tem essa condição como parte da própria vida, não é nem preciso comprovar cientificamente o impacto negativo que as hiper e hipoglicemias causam no humor.

Além das oscilações glicêmicas que são danosas tanto à saúde física quanto ao nosso bem estar emocional, a demanda constante de cuidados (24 horas por dia e 7 dias por semana) também nos afeta e muito. Por isso, é preciso se conhecer, se perceber e saber gerenciar suas necessidades de autocuidado, o que pode incluir tanto a  proximidade, como um pedido de ajuda às pessoas de sua convivência, quanto de afastamento, por exemplo em momentos de muita irritabilidade nos quais precisamos nos autorregular para depois interagirmos com as pessoas ao nosso redor, e então dessa forma, podermos manter bons relacionamentos, sem perdermos a linha para depois nos arrependermos (nem culparmos o diabetes – afinal não adianta terceirizarmos a nossa responsabilidade).

Ao mesmo tempo, também é importante ter um diálogo aberto com aqueles que participam do seu dia a dia, e comunicar que caso notem uma irritabilidade fora de contexto, um incômodo ou alteração de humor, que essa pessoa entenda a origem do seu comportamento e não o leve de forma pessoal. Podendo te ajudar a melhorar a glicemia e/ou dando um tempo necessário de recuperação e normalização da mesma.

Esses cuidados ajudam e muito em relação a situações mais pontuais e momentâneas, evitando desentendimentos que poderão trazer mais estresse e inclusive mais dificuldade no gerenciamento da condição;

Porém, pode ser que exista uma dificuldade mais persistente no gerenciamento da condição, ou seja, quando a pessoa já chegou num nível de esgotamento muito grande em relação ao dia a dia e a rotina do diabetes, o que em inglês chama-se “diabetes distress” ou “diabetes burnout”

Nessas situações é fundamental que a pessoa e seus “cuidadores”, busquem auxílio profissional, como um acompanhamento médico mais frequente a fim de gerenciar melhor a glicemia e evitar as constantes oscilações, a terapia, seja ela individual ou em grupo, para que a pessoa retome o ânimo em se cuidar e consiga vencer o esgotamento; além outras medidas protetivas, para que a pessoa se restabeleça mais rapidamente e volte ao seu estado emocional mais saudável, como a prática da atividade física e a participação de eventos e encontros de pessoas com diabetes, já que esse contato com “pares” é extremamente sudável e positivo.

O autoconhecimento nos liberta, por isso, observe se tem tido alterações glicêmicas e / ou de humor frequentes e busque ajuda. Você não precisa viver nessa angústia e desgaste pois um melhor gerenciamento da sua condição e do seu emocional é algo possível e que você merece.

Fabiana Couto

Fundadora do Movimento Divabética,

Coach, Piscanalista e DM1 há mais de 25 anos